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Expressar a ideia original

3 de junho de 2020

Parece-me, hoje, que ter “ideias luminosas” não é ter ideias originais que funcionam apenas para benefício próprio ou uma situação isolada, as ideias iluminadas passam a ser aquelas de servem o interesse comum de todos os seres, as outras são apenas ideias práticas.

Estamos a passar por mudanças profundas onde uma realidade baseada em objetivos e metas próprias e individualizadas, a nível pessoal, de grupo, países, cidades ou comunidade, para uma teia de consciência alargada, unificada, onde existem centros ilimitados e processos inteligentes agentes da mudança. Podemos denominar de teias ou cordas pois gosto do efeito gráfico que me sugerem.

Tu és um agente de mudança e fazes parte desse processo, não sabias?

Sim és, somos, contudo parece que estamos a remar contra a maré, no sentido contrário ao da evolução, talvez porque estamos presos a velhos conceitos mentais. Se nos quisermos ver livres dessas amarras e sermos agentes livres em consciência então devemos ter todas as nossas faculdades intactas, especialmente as que ofuscamos ao longo da nossa vida que são, entre elas, a intuição e a inteligência do corpo.

A nossa capacidade de criar fora da esfera da nossa tribo ou do grupo com quem nos identificamos está em rápida transformação e evolução, não chega que cada um seja resiliente e funcione de forma individual, até porque está visto que é impossível, está visto que até o mais pequeno elemento é capaz de mostrar isso.

Faz agora sentido uma nova forma de nos relacionarmos como um todo através de uma visão global e sistémica, e esta é a ponte para a evolução da consciência humana, que está aí, e à qual não podemos fugir ou esconder se quisermos viver em verdade e orientados pelas forças supremas rumo à nossa melhor versão, a versão que manifesta a vontade do todo, ou seja a manifestação do Amor.*

No livro a “Descendência do Homem” Darwin prefigura e explora a ideia de que a evolução da humanidade passará do reino do físico, material, para o reino do amor e da sensibilidade moral e diz que “ Os nossos cérebros não podem crescer, mas os nossos corações sim.”

Parece residir aqui a chave para nos conectarmos com esse reino, é este tema objeto de trabalho na minha prática artística quando manifesto de forma abstrata, porque a considero mais livre da interferência da mente, e apelo ao à sensibilidade e inteligência corporal.

O Amor parece-me ser a ideia que Deus tem para o universo, ele representa a evolução e contém em si todo o conhecimento e orientação, podemos dizer que é um plano ou projeto que está em constante movimento, em marcha, e que nada o faz parar nem mesmo atrasar, ele tem a sua própria animação e ritmo.

É fundamental aprender a confiar no nosso próprio silêncio e autoridade, no nosso conhecimento interior, para nos familiarizarmos com a sensação de que estamos ligados como uma teia a este conhecimento supremo, para nos conectarmos com a ideia universal, pois ela é a proposta de evolução para todos os seres, é o esboço ou projeto para toda a manifestação.

Assim, evoluir é conectar à fonte à grande ideia iluminada pois ela é o farol orientador do grande projecto universal e do teu projeto individual, tu fazes parte, tu pertences, basta encontrares a tua ideia e executar da melhor forma o teu plano de vida.

Assim, se te entregares à ideia e a expressares estás a permitir que muitos outros o possam também fazer, estás a ligar as cordas, e ao ligares as cordas está a SER quem és, estás a pertencer, e se antes de nasceres já pertences no plano das ideias, ao Ser estás-te a realizar.

Eu assumo essa intenção na arte, a de manifestar a ideia universal, a de me aproximar ao plano divino deixando em linguagem abstrata o projeto que Deus tem para todos os seres, e cada um encontrará nele a orientação para o seu próprio caminho da manifestação, enquanto eu me tento aproximar mais do meu Ser, do grande Eu.

* Amor é a vontade e omnipresença de Deus em todas as coisas.